Caminhando contra a onda

O texto de indicação de filme da revista Um Novo Sol.


Vivemos em um sistema democrático onde somos ‘livres’ para votar em quem quisermos (ou na opção que tivermos, ou seja, nos melhores dos piores candidatos) e esse sistema político é decorrente de uma ditadura militar, onde alguns dos valores e ideologias daquela época ainda existem. Podemos dizer que a ditadura militar trouxe alguns pontos positivos para o Brasil em termos econômicos, mas em contrapartida ela conseguiu acabar com a vida de várias pessoas que não faziam parte dos padrões. Ela torturou, exilou e assassinou muitas esperanças de se ter uma vida.

Existem diversos filmes que contextualizam o período da ditadura no mundo todo. No Brasil, temos filmes como “O que é isso, companheiro?”, “Batismo de Sangue”, “Zuzu Angel”, “Pra frente, Brasil”, “Cara ou Coroa”, entre outros.

Se não existissem diversos movimentos populares lutando contra o regime ditatorial, poderíamos taxar a juventude brasileira como ‘uma juventude sem voz’. Mas, felizmente, houveram muitos jovens lutando pela mudança, pela igualdade. Podemos destacar grupos como o MR-8 e a ALN, que sequestraram o embaixador americano Charles Elbrick em prol de obter visibilidade para os movimentos, conseguir a libertação de 15 presos políticos e promover a divulgação de que existiam grupos insatisfeitos com a ditadura militar, chamando atenção nacional e internacional contra o regime; Na igreja católica, tivemos atuação dos dominicanos, que auxiliaram a ALN, liderada por Marighella, diversas vezes – transportando e protegendo perseguidos políticos pelo Brasil todo ou até mesmo para outros países; A Pastoral da Juventude também teve sua origem nos “anos de chumbo”, a partir da Teologia da Libertação, da Pedagogia do Oprimido e da Ação Católica, que visam, ao todo, lutar pelos direitos dos mais pobres em diversos âmbitos da sociedade – seja rural, estudantil, universitária, popular etc.

(Leia mais da história da PJ em: http://www.pj.org.br/historia-da-pastoral-da-juventude)
Pois bem, conhecer a história é parte importante do progresso. Se a juventude atual não conhece o passado, o senso de ignorância (ou senso comum) pode tomar conta da sociedade e nos fadar a repetir os erros.

Atualmente, temos diversos problemas na sociedade brasileira, como por exemplo: o extermínio da juventude – na maioria negra; a dificuldade do ingresso em faculdades públicas; o assédio sexual; a luta com os índios; a violência virtual; o déficit na educação, na saúde, no transporte; entre outros. E boa parte da juventude não está ciente disto. Muitos são a favor da Redução da Maioridade Penal por não saberem que o problema está na educação, na intolerância e na marginalização de diversas pessoas. Pessoas à margem da sociedade.

Mas não paramos aí. Diante disso nós, juventude que ousa lutar, vamos às ruas, conversamos com nossos representantes, realizamos encontros com nossos grupos de base, buscamos informações, realizamos campanhas e estamos dispostos à mudar dia-a-dia, seja através de gestos pequenos ou grandes, alguns dos comportamentos dessa sociedade opressora.

Somos tão jovens. Somos jovens que buscam a mudança deste país. Jovens que se unem em meio a tanta desunião. Somos diferentes em meio à indiferença. Somos contra qualquer ferramenta que oprime, que nos tira a chance de viver.

Que não sejamos como os jovens do filme ‘A Onda’. Tenhamos consciência de nossas atitudes e que possamos identificar o opressor, o manipulador. Que possamos tomar o nosso próprio rumo, juntos.

“É essa a nossa hora e o tempo é pra nós.
Que chegue em todo o canto a nossa voz!
Miremos bem no espelho da memória.
Faremos jovem e linda a nossa história!”

Indicação de  Filme: A ONDA

“‘A Onda’ é um filme interessante. Um professor ficou encarregado de ensinar autocracia - definida pela detenção do poder a uma só pessoa ou grupo sobre uma massa - a seus alunos. A partir disto, ele propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e, por meio de votação, é denominado líder daquele grupo.

A primeira coisa que o professor faz é colocar ordem na classe. Os alunos só devem falar se lhes for permitido e tratar seu líder com respeito. Mesmo que cientes da forma como uma ditadura acontece os alunos são facilmente manipulados pelo professor.

O fato é que, mesmo com tantas diferenças, os jovens levam ‘A Onda’ a sério e começam a trabalhar em grupo, mas com o passar do tempo isso implica em diversos problemas.

O filme é baseado em fatos reais e possui duas versões. Uma de 1981 e outra de 2008.”


Autora: Rafaela Campos.

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