O tal espírito Natalino

  • quinta-feira, dezembro 26, 2013
  • Postado por Um Novo Sol PJ
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Em todos os finais ano somos todos despertados por um tal espírito, o famoso espírito natalino, mas qual será o impacto que esse espírito tem em nossas atitudes durante essa época e será que é possível afirmar que em meio a tanto consumismo, e disposição para as “partilhas” somos sim tocados pela real sensação que a data teoricamente deveria despertar? E essa sensação se confirma em nossas atitudes? A reflexão será despertada aqui. E durante toda a partilha ou a forma de comemoração que for ocorrer na sua noite de natal espero que seja possível tomar o texto como guia para esse exercício.

Os meios de comunicação e os “empreendedores”  mostram em suas propagandas a existência de um espírito de grande partilha durante toda a época que antecede o dia 25 de dezembro e que é ilustrada pela troca de presentes- e o exagero durante as refeições. Essa regra, porém, não se aplica a realidade de todos os brasileiros e o tal Papai Noel protagonista da data, não aparece na periferia e muito menos traz um presente que seja de fato algo que mude a vida dos meninos das camadas sociais menos favorecidas. Ainda que seja  a época em que a os mais ricos se sentem mais solidários ao lembrar das crianças das favelas, a realidade não se confirma nos outros dias do ano, e o medo daqueles que tomam os espaços públicos de forma organizada ou não se mantém durante o resto do ano. Ou seja, o interessante do dia 25 de dezembro é fazer bem ao ego e dividir uma miséria do que se acumula durante o restante do ano e não um meio de diminuição de fato da desigualdade.

Enfim, o Natal se confirma para a burguesia como uma data de contato mais intimo com seu lado mais humano, ao mesmo tempo em que é elementar que seja explicito a diferença entre “Papai Noel real” e aquele que é presenteado.

O Natal, portanto, não é Natal sem o peru, sem a troca de presentes e claro sem o espírito natalino. O que chama atenção durante as comemorações é  que pouco se lembra do que de fato a data tem como seu principal intuito, a chegada de uma nova luz e perspectiva para todos os filhos de Abraão , a chegada do Deus dos pretos, dos pobres, das mulheres violentadas social e fisicamente, dos presidiários e todos aqueles colocados como invertidos dentro de nossa sociedade. A vinda do tal menino de Belém é toda envolta pela confirmação dos escritos do antigo testamento. Esses escritos tinham a intenção de deixar clara a vinda do rei dos judeus, rei que rejeitou qualquer tipo de estrutura que oprimisse e segregasse seu povo, estruturas religiosas, econômicas e políticas. O aniversariante veio para ser o protagonista de uma nova concepção de vida pautada na comunhão e na igual divisão dos bens, que não devem escravizar os homens e muito menos dominar as suas ações cotidianas.

Por fim, o real espírito natalino que deveria ser vivido e sentido durante o natal é o da consciência de que a data vai alem da mera partilha e caridade de alguns presentes ou momentos, ele necessita de uma quebra de paradigmas opressores e consumista que fazem do Natal a festa da remissão do ego capitalista e do espírito hipócrita de uma falsa lembrança do seu comum. O Natal a ser vivido deve passar pela lembrança de quem nasce nesse dia, foi um Preso e Rei dos Excluídos. 

Autor: Paulo H. Alves.

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