Nos últimos dias, vi pelo noticiário um grande protesto que foi motivado pelo “disparo acidental” de um policial militar que atingiu e matou um garoto, me lembrei na hora da campanha nacional contra a violência e extermínio de jovens, que na época que foi lançada analisamos o assunto trazendo para nossa realidade, onde e como acontece o extermínio (do ponto de vista físico), e a conclusão foi a seguinte: acontece nas ruas dos bairros pobres através da violência policial. Sabemos que “disparos acidentais” de militares é um problema profundo e enraizado na história brasileira.

Entre 1964 a 1984 o Brasil viveu um período duro da sua história, onde todos direitos civis foram suprimidos em nome dos interesses do patrão, quero dizer em nome da “segurança nacional”. Nesse período os militares então no poder, torturaram, mataram, deram muitos “disparos acidentais” e sumiram com milhares de pessoas.

 Quase 30 anos após, o povo brasileiro aguarda para saber a verdade a respeito dos desaparecidos e assassinados da ditadura. A comissão da verdade veio, não para julgar e punir os torturadores, mas apenas para a construção da verdade histórica do país. Levando em conta outros países latinos americanos, o Brasil é o mais atrasado em relação ao tempo em que o assunto entrou em pauta, por exemplo, no Chile foi implantado um mês após o término do regime.

 Demorou muito tempo, mas os familiares de desaparecidos saberão o que de fato aconteceu com seu ente querido, entretanto, os assassinos e torturadores não serão punidos, mas já é alguma coisa considerando os milhares de jovens mortos “acidentalmente” e desaparecidos hoje em dia. que jamais haverá alguém que irá esclarecer o que aconteceu.

 A ditadura acabou, mas os autores estão à solta, e mais perigosos que antes, pois antes havia quem lutava contra a ditadura e agora todos estão anestesiados pela falsa liberdade. Hoje há quem esclareça sobre os mortos da ditadura e amanhã haverá quem esclareça sobre as mortes da “democracia”?

Autor: Wélio Meireles