Feliz Doze de Outubro!

Em doze de outubro se comemora o dia das crianças e o dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, dois fatos celebrados em todas as famílias brasileiras, quer seja pelo dia dos pequenos, ou então por católicos que tem a Negra Mariama como exemplo de serventia à Deus. O fato é que esses dois acontecimentos são celebrados dentro de nossa sociedade, no entanto, temos nós movimentos sociais e pastorais de cunho social e motivos para celebrar essas datas? Sim, claro devemos nos lembrar de todas as criancinhas de nossas famílias e da importância de Maria, porém com o extermínio de nossa de juventude e com a grande movimentação para que o encarceramento da juventude comece ainda mais cedo e de forma mais repressora, devemos nos atentar também.

A extensão desse problema é enorme e precisaria não somente desse texto para uma reflexão mais completa, no entanto, o possível será feito para que tenhamos uma pequena reflexão sobre o que acontece dentro de nossa sociedade simultaneamente a essas comemorações.

O problema da violência afeta cada vez mais os mais jovens e dentre esses os mais pobres, e num recorte mais detalhado os negros/pardos são os que mais morrem ou são vitimas do crime organizado, da repressão policial ou das milícias. Portanto, enquanto nos lembramos de nossas infâncias não podemos nos esquecer daqueles que tem a fome como grande inimiga e a qual um prato de arroz com feijão ou um “oitão” são os presentes desejados nesse dia tão especial.

A movimentação da grande mídia e por parte da sociedade para que seja reduzida a idade penal nos mostra como a elite brasileira tem uma solução prática para acabar com todos aqueles que se encontram nos porões dessa mesma sociedade. Essa é mais uma medida de encarcerar de forma massiva todos os marginalizados presentes em nosso cotidiano, ao mesmo tempo em que é uma “medida habitacional” barata e eficaz contra todos aqueles que sintetizam o mau em nossa sociedade. Por fim é a pobreza a quem abominam e nós abominamos e são deles que devemos ter medo, daquele pobre, bêbado, maltrapilho, preto, da prostituta, do menino do morro. Sim, são daqueles que o filho da Negra Mariama tanto lutou e buscou dar voz e vez que temos medo nos dias de hoje, e queremos distância, cadeia e morte.

Por isso que lembremos nesse dia de tanta felicidade e recordação de nossas infâncias, que quando nos calamos quanto a movimentação para redução da maioridade penal, a discriminação ao negro e sua cultura e nos identificamos com Datenas, Felicianos e Rezendes que vomitam sangue sobre nossas mentes, fazemos o dia das crianças de milhões de brasileirinhos mais infeliz, isto é, aqueles que ainda detêm o direito de vivê-los. Feliz dia das crianças! Com a Negra Mariama e um momento de reflexão e luta por todos aqueles que não o têm.

Autor: Paulo H. Alves

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