O Forasteiro e o Vilarejo inadequado - Parte 3

A vida no Vilarejo parecia estar em liquidação, todas as ações e vontades dos moradores podiam ser comercializadas, tudo era negócio, os moradores procuravam praticidade e rapidez em tudo. Mas ainda havia algo em que o forasteiro Empreendedor dos Santos não conseguiu implantar seu modelo de praticidade e lucro: A fé daquela gente, que eram expressas no dia a dia com as doutrinas de amor da Religião libertadora.

Os fundamentos daquela religião eram a igualdade, fraternidade e a construção de uma convivência justa, igualitária e a busca pela liberdade diante do opressor. Seguiam um Deus que há muito tempo enviou seu filho à terra, filho este que era jovem, cabeludo e barbudo e ensinava todas essas coisas.

Muitos moradores, que até então eram também fieis perceberam uma contradição fundamental entre as verdades da religião e a do forasteiro. Alguns abandonaram a fé, outros continuaram na religião libertadora o que ofereceu um grave risco aos interesses do forasteiro Empreendedor.

O forasteiro então criou sua própria religião, voltada ao imediatismo, atraia fieis através das promessas de milagres e boa condição financeira, passou a se autodenominar Missionário e enganou a muitos. Os fieis dessa religião passou a não procurar a cura de doenças, ficaram infantilizados e viam as curas dos enfermos como algo prático comparando às invenções tecnológicas, que ofereciam praticidades trazidas pelo Forasteiro.

Por causa das ideias de viver em igualdade, das denúncias ao modelo de sociedade implantado pelo forasteiro, o jeito estranho de ter fé daquelas pessoas da Religião libertadora foi perseguido, mas sobreviveu, pois faziam memória de como eram felizes antes da chegada do forasteiro e de seus papeis com valor e nada podia tirar a esperança de voltar a viver em igualdade.

O tempo passou e aquela gente ainda lutava, era minoria, porém era um único povo. A resistência se fazia presente, e essa arma o forasteiro não possuía.


Autor: Wélio Meireles

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