Aparentemente democático

  • quinta-feira, novembro 28, 2013
  • Postado por Um Novo Sol PJ
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O texto sobre Política da Revista do Um Novo Sol.

No meio desse ano nosso país foi surpreendido por um fenômeno que uma vez ou outra acontece: brasileiros irem às ruas, brasileiros de sua maioria jovens. Em 1992 jovens influenciados por uma série de televisão saíram às ruas com a cara pintada de verde e amarelo para derrubar um presidente, Fernando Collor de Mello, que era acusado de corrupção. As manifestações de junho também tiveram nas ruas os jovens, que na sua maioria não levava bandeira de partido e sim o verde e amarelo, que aparentemente mostrava-se um patriotismo. Mas dessa vez, as manifestações diferente de 1992 não foram influenciadas por nenhuma série. De onde então surgiu a “convocação” para as ruas?

Analisando superficialmente a internet, e mais especificamente as redes sociais, podemos notar que elas tem se mostrado um meio eficiente de articulação política e de modelo de mídia democrática. A internet está ai e nos é confortável, nos abre caminhos para falar de política e sobre fatos que nos rodeiam.

As manifestações que ocorreram no meio do ano nos mostram isso, as redes sociais como ponto de reunião para convocar as manifestações, entretanto a internet coloca as pessoas em um mundo idealizado, um mundo que não as pertencem, onde aparentemente não há classes sociais, diferentemente do mundo real todos tem voz, assim é a vida dentro na internet. Como sempre digo, manifestações devem ser materialização dos debates oriundos das análises do mundo real, e não de um mundo artificial e idealizado que são as redes sociais.

Portanto, as manifestações do meio do ano, não foram o que pareceram ser, elas se mostraram vazias, uma manifestação construída sem debate, onde a maioria dos participantes são jovens e que aparentemente compartilham ideias, mesmo sem saber, fascista no facebook, isso explica o aparente amor ao verde e amarelo e a total aversão aos partidos políticos.

Partindo disto, a aparência nos mostra que o gigante acordou, mas de fato ele é apenas um sonâmbulo que levantou sim, mas continua no mundo dos sonhos.
A internet está longe de ser um meio de comunicação democrático, se as empresas que as controlam e as vigiam são as mesmas que oprime e a cada dia fortalece a desigualdade, sendo um forte aparelho de isolamento do choque das contradições e contribui para o sono profundo do nosso gigante inocente e bobão que passa o dia nas redes sociais.

Deixo aqui um trecho de uma entrevista da professora de filosofia da USP, Marilena Chauí, sobre a Internet:
“(...) É um mundo sem mediação. Como você opera sem nenhuma referência, sem mediação você opera nesse universo mágico que é próprio da sociedade de consumo, onde a mídia opera. Ora, qual é o risco de fazer uma coisa destas? O universo do desejo é o universo da violência, ele é fascista. Então há um risco de fascistização produzido pelo instrumento, porque ele faz operar como um pensamento mágico, 'eu quero', 'acontece'... Não tenho nenhuma visão libertária desse universo.” (Revista Caros Amigos - Ano XVII n°197 Agosto 2013, pg. 13)

Autor: Wélio Meireles

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