Infelicidade brasileira

Sobre a “vergonhosa” derrota do Brasil por 7X1 diante da seleção da Alemanha, fiquei indignado com alguns comentários alheios, vindos da mídia e também da nossa sociedade. Ontem (09 de Julho), o Jornal Nacional da Rede Globo, soltou uma matéria na qual procurava saber, através de psicólogos, como o brasileiro vai superar essa decepção da copa. Aí eu me pergunto: como uma mãe vai superar a perda de um filho, vítima de extermínio, realidade das periferias? Como superar a morte de um brasileiro, vítima da "justiça" da sociedade, acusada injustamente e linchada até a morte em praça pública? Isso é só um dos exemplos atuais da nossa realidade, são tantos outros, mas a mídia insiste em dizer que o sofrimento do brasileiro só é não ter ganhado essa copa!

Ouvi muitos dizerem: “Esse é, com certeza, o dia mais triste da minha vida!”. Opa! Deixa-me tentar entender. Você está me dizendo que o dia mais triste da sua vida foi o dia em que o Brasil foi desclassificado em mais um jogo da Copa do Mundo? – Ah, Fernando! Mas é a copa do mundo sediada em nossa casa, no Brasil! – Será mesmo que o Hexa Mundial para o Brasil era mesmo a nossa prioridade atual? O dia mais triste da vida de um ser humano, creio eu, que seja o dia em que um pai ou uma mãe, acorda e pela manhã percebe que não há nada de comer para dar à sua família, e saber que talvez a única refeição do filho será a merenda escolar. Triste mesmo é um “menor” (nunca tem nome) ser julgado como adulto, por uma sociedade que grita e apela pela Lei de reduzir a maioridade penal e pena de morte; Triste é ver seres humanos jogados em corredores de hospitais, esperando por um atendimento, onde somos tratados como animais; Triste é ver a mídia usando imagens de crianças chorando pela derrota do Brasil - onde as mesmas mal sabem a realidade social do seu país - como apelação emocional usada para manipular e alienar cada vez mais a nossa sociedade; Triste é ver a incerteza daqueles esquecidos às margens das principais avenidas metropolitanas, dos doentes, onde a única preocupação é se amanhã vão estar vivos; Triste é ver um país rico em estádios e miserável em dignidade humana!

Ainda vemos os jornais procurando todos os “por quês” da seleção ter passado por esse vexame. A mídia sempre fazendo seu papel: colocando como prioridade aquilo que nunca foi.

Autor: Fernando Oliveira.

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