Meme, discursos e indicação de filme
- quarta-feira, maio 17, 2017
- Postado por Um Novo Sol PJ
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Quando certa manhã abro meu intranquilo Facebook, percebo meu perfil metamorfoseado numa chatice monstruosa. Estava
cheio de vídeos e postagens que ando compartilhando sobre o que vem ocorrendo
no cenário político, quase todos sem curtidas, estava tão chato que se eu
fizesse um daqueles testes que propõe descobrir minha idade, certamente
indicaria a idade que o Temer impõe que eu me aposente.
- O que aconteceu comigo? – Pensei.
Com o tempo percebi o óbvio. Era chato
por que não tinha no meu perfil, nas minhas recentes postagens, nenhum meme.
Que perfil chato é o meu! Como meus amigos da rede vai entender meu discurso?
Como vou desconstruir o que nos é imposto? Como vou politizar ou evangelizar
alguém? Claro que essas perguntas não saíram da minha boca, ficaram ali mesmo
no meu pensamento, e devo dizer que veio acompanhada de uma gargalhada, uma
gargalhada também pensada.
Uma imagem que normalmente contém um
personagem com uma determinada expressão, acompanhada de uma frase escrita com
a fonte “Impact” formando uma unidade de
sentido, sugerindo muitas vezes um tom de humor, é o que mais aparece em
qualquer página do Facebook que procura fazer que suas ideias sejam
aparentemente assimiladas pelos usuários das redes sociais de maneira rápida e
superficial, proporcionando satisfação manifestada pelo ícone do polegar levantado.
Páginas religiosas, políticas, de entretenimento,
páginas de humor e de empresas usam e abusam de um jeito internet, descompromissado,
irreverente e superficial de construir um discurso. Não é difícil perceber as
consequências negativas nas assimilações rápidas que os memes causam. Ainda que
pareça exagero, podemos ver toda uma geração sendo “ (des) politizada”,
“evangelizada” ou sendo transformada em adoradores consumistas de empresas
desconstruidonas.
Não estou escrevendo nenhum manifesto,
e tampouco pensando em fazer memes anti-memes, pelo contrário, se aparecer
memes engraçados que sintetizem algo que concordo, claro que compartilharei. Apenas trago o problema que se caracteriza por haver muita gente sendo formada por memes, que muitas vezes
carrega uma intolerância, ódio e preconceito para construir um discurso vazio,
por exemplo quando ouço alguém dizer “Se diz que é (...) mas...” (baseando-se
em algum meme que pretende denunciar supostas contradições reforçando
estereótipos).
É importante abrirmos espaço para o
discurso crítico, para que não sejamos como Frito Pendejo (Dax Shepard), personagem
do filme Idiocracia,
que assim como seus contemporâneos transformaram tudo em entretenimento, dos
tribunais de justiça aos hospitais, o consumo de isotônico e o consumismo são
serviços vitais na sociedade, cujo presidente, o Camacho (Terry Crews) é um
ex-ator pornô, realidade não muito diferente da nossa, alguns memes a mais e
teremos Alexandre Frota 2018. Indico o filme.
Por: Wélio Meireles
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