Após um ano de uma rotina dura de trabalho e estudos, chegara Janeiro e Laura Enrolada recebera um convite de amigos para uma viagem, mas preferiu ficar, tinha que cuidar do seu jardim que contava com algumas espécies de cactos e dois pés de espada de São Jorge.

Todos aguardavam o carnaval, já iniciara Fevereiro, mas Laura não estava para agitações, se encontrava com alguns problemas na faculdade, precisava aproveitar aquele período de festas para descansar o corpo e a mente. Alguns amigos se encontravam na mesma situação e a convidou para um retiro, mas ela iniciara uma obra no fundo de sua casa e destruiu o jardim para ampliar seu quarto, não podia abandonar a importante reforma, disse "não" para os amigos.

A reforma consumiu, além de Fevereiro, o mês de Março. Laura se encontrava no mês de Abril e já estava desanimada, pois percebeu que chegava o meio do ano e ela ainda não tinha vivido. No dia da mentira, tentou se enganar, mas a verdade e a angústia, diferente de Laura não usava máscaras, eram explicitas. Na tentativa de tranquilizar o coração, resolveu agendar uma viagem para o mês de Junho.

Ansiosa para a viagem, Laura não viu o mês de Maio passar, viu alguns filmes, empilhou livros, visitou sua mãe, curtiu e cansou de seu novo quarto, achou um gato abandonado na rua e o adotou.

Junho chegou e Laura optou por cancelar a viagem, pois sentiu que era melhor ficar em casa, pois o inverno estava rigoroso e tinha um gato para cuidar.

Ainda era Junho e Laura Enrolada, se enrolava em seu edredom esperava o inverno passar lá fora e dentro de si, compartilhava com seu gato os planos e idealizações para continuar a vida, pois passou meio ano com meias verdades, e ainda não fora feliz, fugia de viver e não sabia porquê.

Autor: Wélio Meireles.