Nota de repúdio à reorganização escolar

  • domingo, dezembro 06, 2015
  • Postado por Um Novo Sol PJ
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Nota de repúdio à reorganização escolar e TOTAL APOIO aos JOVENS estudantes, professores, pais e comunidades que ocupam as escolas na cidade e em todo Estado.


Juventude, Escola e Sociedade: Uma Ciranda de Vida (Semana do Estudante 2015)

      A Pastoral da Juventude de Guarulhos vem por meio desta nota repudiar a Reforma Educacional apresentada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), que tem como objetivo a separação das escolas por ciclo escolar, começamos pelo total descaso e falta de transparência do Governo do Estado com a população. Segundo dados do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em torno de 94 escolas no estado de São Paulo serão fechadas, incluindo escolas em nosso município, tendo como estimativa que 311 mil alunos tenham que mudar de escola em 2016.

     O ambiente escolar além de seu caráter pedagógico disciplinar, tem papel fundamental na construção da identidade, do senso crítico, da socialização e do exercício da cidadania. A proposta afeta diretamente a cultura escolar, onde o aluno deverá se realocar em três momentos da sua formação não criando uma identidade com a escola. Não temos o modelo ideal de identidade, democracia e participação atualmente, mas a proposta é de regressão e não de avanços.

     Fazendo um resgate histórico em nosso Estado, em meados de 1995 e 1996, o processo de reorganização escolar provocou o fechamento de 150 escolas, com a diminuição de 10.014 classes. Entre os anos de 1995 a 1998, houve uma diminuição significativa em 376.230 alunos atendidos. Essa mudança prejudicou as condições dos alunos e a qualidade na Educação afetada nos anos seguintes. 

     Sabemos que a reorganização do sistema de ensino está sendo pensada a partir do ponto de vista econômico, com objetivo de cortar "gastos", ou seja, investimentos para a educação, consequentemente precarizando ainda mais os serviços e as condições de trabalho. Acreditamos que a política de educação básica que atinge a juventude tem que considerar a realidade que o jovem se encontra inserido, dessa forma, a política deve ser construída com a participação dos estudantes. Nos últimos anos, a Educação em nosso Estado, tem sido precária em diversos aspectos, desde a estrutura física (em muitos locais com prédios semelhantes a presídios com celas de aulas, sem laboratórios específicos e tecnologias) até no conteúdo ensinado e mesmo com esse cenário que já vivíamos, a proposta atual consegue regredir ainda mais, sem analisar as consequências imediatas e de médio prazo.

     Reforçamos que a política adotada não nos representa, com irresponsabilidade nos gastos públicos, no que se refere a flexibilidade no currículo escolar, a diminuição de vagas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), no fechamento de salas no período noturno e tantos outros impactos, não tendo como compromisso a oferta pública da educação, estimulando e dando pistas futuras de uma privatização do ensino.

     O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), nos reafirma o direito à escola pública e gratuita, próxima de onde residem os estudantes em seu artigo 53 (item V) e ressalta que são livres para emitirem suas opiniões, no artigo 16 (item II). Nas últimas semanas de ocupações nas escolas, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, tem agido com autoritarismo, violência e intimidação frente aos alunos e professores. Repudiamos qualquer ato de violação dos direitos constitucionais e somos contra qualquer ato de violência contra os estudantes que se manifestam de maneira legal a fim de garantir os direitos básicos de acesso à educação e a participação. Defendemos uma educação pautada pelo respeito a dignidade e por princípios democráticos. 

    Declaramos TOTAL APOIO as 5 escolas ocupadas em nossa cidade e todas as quase 200 escolas em todo o Estado de São Paulo, que são realizadas por jovens estudantes em resistência à proposta da reorganização. Aproveitamos ainda para parabenizar a organização dos alunos e colaboradores de diversos movimentos e coletivos que demonstram o anseio à participação e tem construído junto aos pais e professores uma dinâmica escolar com atividades culturais, aulas abertas, assembleias, entre outras manifestações que mostram o quanto estão preparados para construir um novo modelo de educação que atenda de fato os anseios estudantis e das comunidades que estes estão engajados.

     Por fim, em comunhão com a Pastoral da Juventude do Regional Sul 1, gritamos CHEGA DE VIOLÊNCIA contra a nossa juventude. Denunciamos a forte presença de militares que tem agido de maneira ostensiva nas diversas ocupações e mais uma vez notamos como o poder público deseja “solucionar” qualquer tipo de manifestação.

     Após o Ministério Público (MP) e a Defensoria Pública protocolarem uma ação pedindo a suspensão, eis que no dia 04/12/2015, o Governador Geraldo Alckmin anuncia o “adiamento” dessa medida, para dialogar com os estudantes, professores e comunidades. É a primeira vitória desses companheiros de caminhada. Convidamos aos grupos de jovens e toda a comunidade para fomentar essa discussão nas bases e juntos acompanharmos e continuarmos pautando a educação pública em nossa cidade e em nosso Estado.

     Não tem arrego! Escolas de Luta resistam!
     A Juventude quer viver... De maneira plena! Com voz, vez e lugar!


Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude - Diocese de Guarulhos

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