Poema - Palavras violadas

A violência segue violando meu povo que insiste em caminhar
Viola até a criancinha a chorar
Viola a viola, já não tem o que rimar.
A não ser a lágrima com a dor
Que insiste em se combinar
Todos os dias...

Houve um tempo, em que se espremessem aquelas paredes, saía óleo de pastel
‘Fruto do suor e do trabalho’ como que feito de mel
Hoje, se espremessem aquelas paredes, sairiam lágrimas de sangue
Gritos abafados de um povo com sua identidade roubada por uma gangue

E o sarcasmo da vilania
As risadas da tirania
Cadê a história da Dona Maria?
Aquela, que fazia torta na cozinha precária e recheava com amor...

A máquina da opressão passou por cima!
A dor rasgada nos peitos estraçalhados só sussurram sem rimar: Até quando?

E como um eco vão clamando:
Socorre esse povo massacrado por uma lei vazia!
Estanca essa sangria.
Devolve a poesia.

Às companheiras humilhadas,
Aos companheiros escorraçados,
Às crianças assustadas,
Resta a viola, pra contar a nossa dor
Resta a viola, pra não naturalizar esse horror
Resta a viola, pra espalhar o Seu amor

E um dia, o Sol a de brilhar de novo.

Por: Caroline Mattos

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