No ultimo domingo vi uma missa, do padre Fabio de Melo (um Padre que admiro muito), através de uma emissora de televisão da renovação carismática católica; em sua homilia uma frase chamou minha atenção, ele disse que “Não entendo por que pessoas que não são cristãs católicas se importam tanto com os dogmas da igreja católica, com as opiniões do Papa, logo que quem não é católico não precisa obedecer “.
Não discordando do padre, mas invertendo um pouco a ordem das coisas, podemos ver como é tamanha hipocrisia por parte de muitos fieis, não só católicos, mas cristãos. Se invertermos essa frase e disser “Por que os chamados Cristãos se importam tanto com questões relacionadas ao estado Laico, ao uso de símbolos cristãos em espaço público, faz pressão contra medidas como o “kit gay” ou que apoiam os que barram projetos como o PL 122 (O projeto de lei tem por objetivo criminalizar a homofobia no país) entre outras muitas coisas; é difícil entender logo que vivemos em um estado laico, e cada um pode exercer seu papel de cidadão sem influência de uma moral cristã”. Bom seria pouco provável o Padre dizer isso, mas é a mesma linha de pensamento.

Uma questão que está sendo muito discutida em redes sociais, mesmo que superficialmente, é o caso do Pastor de uma igreja neo pentecostal, o Marco Feliciano, que foi nomeado presidente da Comissão dos Direitos Humanos. O pastor Feliciano ficou famoso por frases que demonstra preconceito contra os negros e gays, e todo preconceito ele tenta argumentar com passagens bíblicas.

Alguém de qualquer igreja cristã pode concordar com o Pastor Feliciano e até “argumentar”: “Deus criou o Homem e a Mulher, se fosse para existir gays, criavam dois ‘Adãos’ ou duas ‘Evas’”. Mas acontece que o estado é laico e a moral cristã, ou argumentos bíblicos, não devem estar presente nessa discussão.

É um debate do momento, devemos, nós cristãos de bom senso ou não, está por dentro dos fatos políticos, mas lembrar de que vivemos em um estado laico, e “nossa” “moral cristã” não tem que estar impregnada na vida do outro, que tem direito, pela lei, de ter sua fé, sua orientação sexual entre outras coisas.

Cristo era um “cara” que acolhia quem era desprezado por todos, impedia o assassinato de pecadores pelos hipócritas, amava a minoria desprezada e não tentava em momento algum (pelo menos no que a bíblia mostra) impor sua fé aos outros. Para finalizar aqui, retomo um pequeno trecho da frase do Padre Fabio de Melo, mas só o inicio: “ Não entendo por que..”

Autor: Wélio Meireles